sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Debate sobre energia nuclear ausente da conferência de Durban



O debate sobre a energia nuclear  está ausente da conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas  de Durban, quando passaram nove meses sobre o desastre da central japonesa  de Fukushima. 

A 11 de março, um terramoto de 8,9 graus e o consequente tsunami, com  ondas de 10,2 metros de altura, provocaram um acidente na central japonesa,  originando a maior crise atómica no país desde as bombas de Hiroshima e  Nagasaki, em 1945. 
A fusão dos núcleos reatores provocou o aumento da radiação nas zonas  limítrofes da central e cerca de 200 mil pessoas tiveram de abandonar as  suas casas. 
O acidente deu origem a manifestações contra esta forma de obtenção  de energia, nomeadamente na Alemanha, e a chanceler alemã, Angela Merkel,  anunciou o fim da produção de energia atómica no país até 2020. 
Nove meses depois, o debate sobre a viabilidade da energia nuclear,  que não origina emissões de gases com efeito de estufa, está ausente da  conferência da ONU sobre as alterações climáticas, que hoje termina em Durban,  na África do Sul. 
Não houve, até agora, qualquer delegação dos 190 países participantes  a referir a energia nuclear, nem as organizações ecologistas emitiram comunicados  sobre planos nucleares, segurança nas centrais ou gestão dos resíduos radioativos.
"Esta não é uma conferência sobre energia, mas sim sobre clima. Mas  é uma parte da produção energética num bom número de países e é uma energia  que não tem emissões. É bastante raro que não seja mencionada", disse a  diretora executiva da Agência Internacional da Energia, María van der Hoeven.
"De uma perspetiva global, acredito que o desastre de Kukushima não  terá grande impacto. Rússia, China ou Coreia do Sul não mudaram a sua política  nuclear", comentou a responsável. 
 No entanto, "a Alemanha decidiu abandonar a energia nuclear a partir  de 2022, e há um ambicioso plano de renováveis. Parece ser uma oportunidade  para as renováveis a longo prazo, mas a curto prazo, implicará mais utilização  de carvão, petróleo e gás", acrescentou María van der Hoeven. 
O Japão, que participa na conferência da ONU, é um dos países exportadores  de tecnologia nuclear, mas enfrenta uma forte oposição da população face  a esta energia. 
"Dos 54 reatores que temos, somente 10 funcionam atualmente", disse  à EFE o embaixador japonês na África do Sul, Toshiro Ozawa, à margem de  um encontro com jornalistas, a propósito da conferência. 
Segundo o Observatório Mundial de Energia, 7,1 por cento da energia  em 2020 será gerada por reatores nucleares. 

Conferência de Durban discute futuro do Protocolo de Kioto

Representantes de 190 países se reunirão a partir desta segunda-feira, na cidade sul-africana de Durban, para tentar reativar as negociações sobre a mudança climática e decidir o futuro do ameaçado Protocolo de Kioto.
O encontro às margens do Oceano Índico terá quase 12 mil participantes, entre diplomatas, ministros, delegados, especialistas e membros de organizações não governamentais, que debaterão até o dia 9 de dezembro sobre a questão fundamental de limitar a menos de 2 graus (centígrados) o aumento da temperatura global.
"A mudança climática é um tema importante para todos, e isto já está acontecendo, não se trata de algo do futuro", disse em Paris o presidente das Ilhas Maldivas, Mohamed Nasheed.
Durante as últimas semanas, numerosos estudos confirmaram a urgência de se encontrar uma solução, quando são registrados novos recordes de emissões de CO² e se constata uma distância cada vez maior entre as promessas dos países e o que pede a ciência para evitar os efeitos nefastos do aquecimento global.
"Caminhamos para um aumento de ao menos 3º graus se não mudarmos decididamente este rumo", disse o especialista francês Jean Jouzel.
No que diz respeito à aceleração das emissões de CO2, o processo nas Nações Unidas de negociações segue lento e se espera um novo impulso após o fracasso da Cúpula de Copenhague, no final de 2009, apesar dos avanços técnicos obtidos no ano passado em Cancún.
Organizações de defesa do meio ambiente, como a WWF, já manifestaram sua preocupação com a "possibilidade de problemas nas negociações de Durban", devido fundamentalmente à incerteza sobre o futuro do Protocolo de Kioto.
Um primeiro período de compromissos de Kioto termina no final de 2012, e os países em desenvolvimento pedem novos compromissos por parte dos países industrializados em nome de sua "responsabilidade histórica", algo que Japão, Rússia e Canadá rejeitam.
Deste modo, uma eventual prorrogação do Protocolo de Kyoto passa, principalmente, por um novo compromisso da União Europeia, que responde por 11% das emissões mundiais.
Mas a Europa vincula tal compromisso à redação, em Durban, de um acordo que estabeleça as bases de um futuro marco global vinculando todos os países a compromissos para combater o aquecimento global.