domingo, 25 de março de 2018

Encerramento traz resultados dos debates e passagem da bandeira para o Senegal

A cerimônia de encerramento do 8º Fórum mundial da Água foi marcada pela comemoração e pelo sucesso da edição brasileira do evento, que aconteceu em Brasília, de 17 a 23 de março de 2018. Após apresentação de resultados, entrega do prêmio Quioto e dos pronunciamentos das autoridades, foi feita a passagem da bandeira do Fórum mundial da Água para a comitiva do Senegal, onde será a edição de 2021. A cerimônia aconteceu no Centro de Convenções Ulysses Guimarães nessa sexta-feira.
Membros da organização expuseram os resultados obtidos na 8ª edição do evento. O ministro de Relações Exteriores, Reinaldo Salgado, relatou as atividades do Processo Político com destaque para a realização da simulação do Tribunal Internacional da Justiça pelas Águas, que contou com a presença de membros de supremas cortes de seis países. O senador Jorge Viana (PT-AC) destacou a presença de 134 parlamentares de 20 países.
Torkil Clausen e Jorge Werneck,  presidente e vice-presidente do comitê do Processo Temático, deram destaque às 95 sessões ordinárias e uma especial, todas com participação de mulheres. As sessões do Processo Regional, segundo Irani Braga Ramos, vice-presidente do comitê que trabalhou com o tema, tiveram um público total de 6.765 pessoas, de 101 países.
Novidades na 8ª edição do Fórum Mundial da Água, a Vila Cidadã contou com público de mais de 100 mil pessoas presentes, sendo 40 mil crianças. Já o Grupo Focal de Sustentabilidade teve forte representatividade do setor empresarial privado e de empresas de saneamento.
Tatiana Silva, representante jovem do Conselho Mundial da Água, chamou a atenção para a capacidade e potencial dos jovens em cooperar e mandou um recado para a comissão organizadora do próximo Fórum, no Senegal. “A gente não aceita um Fórum Mundial da Água com nenhum jovem a menos”. Na sequência, voluntários do 8º Fórum Mundial da Água subiram ao palco para uma fotografia com os responsáveis pelos processos.
Prêmio de Quioto
Durante a cerimônia, a associação Charité Chrétienne Pour Personnes en Détresse (CCPD) organização de Caridade Cristã para pessoas em Situação de Risco, com sede no Togo, recebeu o Grande Prêmio da Água de Quioto.
A Caridade Cristã para pessoas em Situação de Risco capacita de indivíduos e grupos comunitários para melhorar o acesso a água potável e saneamento por meio da construção e remodelação de instalações de água potável e saneamento.
A CCPD recebeu o equivalente a US$ 18 mil dólares, que servirá para implementar o projeto e promover a gestão da água em Togo.
9º Fórum Mundial da Água
Daqui a três anos, o Fórum Mundial da Água voltará ao continente Africano, que teve sua origem, no Marrocos, em 1997. A representante do governo federal, Cristiane Dias Ferreira, diretora-presidente da Agência Nacional de Água (ANA), o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, o diretor executivo do 8º Fórum Mundial da Água, Ricardo Andrade e o co-presidente do Comitê Organizador do 8º Fórum Mundial da Água, Paulo Salles, juntamente com outros membros da comissão organizadora, trocaram presentes com os integrantes do Comitê de Preparação do 9º Fórum Mundial da Água, que será realizado no Senegal.
A passagem da bandeira do Fórum Mundial da Água simbolizou o reinício do trabalho contínuo do Fórum Mundial da Água. Os presentes assistiram um vídeo sobre o país anfitrião de 2021. Em seu discurso, o presidente do comitê do 9º Fórum Mundial da Água no Senegal, Abdoulaye Sene, elogiou a realização brasileira do fórum e anunciou o tema da próxima edição:  segurança hídrica.
Rollemberg agradeceu ao Conselho Mundial da Água pela confiança depositada na cidade de Brasília para a realização da oitava edição do Fórum Mundial da Água e a todos os envolvidos na realização do evento. “Aqui cientistas, autoridades, sociedade civil, de forma franca, fraterna e aberta, compartilharam experiências e visões. Eu tenho a convicção de que ninguém será o mesmo depois de ter participado do 8º Fórum Mundial da Água”, declarou o governador. Rollemberg lembrou que a água é o tema mais importante para o futuro da humanidade e desejou sucesso aos senegaleses.
Benedito Braga destacou que, nesses três anos de trabalho, pode contar com a parceria, a participação cidadã e política, "sem as quais não seria possível a realização do 8º Fórum Mundial da Água". “Atingimos plenamente nosso objetivo. Tivemos não só um número muito grande de pessoas participando, mas tivemos uma qualidade de trabalhos fantástica”, revelou. Ele contou que a Carta de Brasília, documento resultante da Conferência de Juízes, será levada ao Papa Francisco, que demonstrou interesse no assunto.


Participação no 8º Fórum Mundial da Água é a maior da história do evento

Mais de 100 mil pessoas circularam, na semana, pelo Centro de Convenções e pelas instalações da Vila Cidadã, espaço aberto ao público para discutir o uso da água. 50% eram crianças




Mais de 100 mil pessoas tornaram o 8º Fórum Mundial da Água o maior da história. O evento, que começou no sábado passado, chegou ao fim ontem, na primeira vez em que o maior debate global sobre o uso da água teve como sede uma cidade do hemisfério sul. Além das mais de 350 sessões que ocorreram no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o Fórum teve um inédito espaço gratuito e aberto ao público, a Vila Cidadã. Mais de 50% dos visitantes eram crianças, indicando que o impacto deixado pelo evento chegará às próximas gerações.

Ontem, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, e o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, passaram a faixa do Fórum Mundial da Água para representantes do Senegal, que receberá em 2021 a 9ª edição do evento, em Dakar, capital do país. “Convido todos a comprar a passagem e ir para a África, onde vamos continuar a debater a agenda da água”, disse Rollemberg.

“Vocês fizeram deste o maior fórum de todos os nossos fóruns”, afirmou Benedito Braga. Ele destacou, ainda, a forte participação da população e o envolvimento político nas discussões. Mesmo após o fim do evento, o impacto do diálogo que foi aberto deve continuar. Cinco documentos foram elaborados, divididos pelas categorias processo político, temática, regional, sustentabilidade e cidadania.

Agora, o governo do Brasil tem seis meses para concluir uma declaração final consolidada sobre o 8º Fórum. O objetivo é fazer com que os temas debatidos possam gerar políticas públicas e programas para garantir o uso mais consciente da água. O cumprimento da declaração não é obrigatório para nenhum país, mas a organização espera que ela sensibilize líderes globais.

Impacto

A edição brasileira do Fórum Mundial da Água atraiu, além do público recorde, 12 chefes de Estado, 134 parlamentares e 70 ministros de 56 países. Entre eles, o presidente da Hungria, János Áder, e o do Senegal, Macky Sall, o ministro de Estado do Principado de Mônaco, Serge Telle, o primeiro ministro do Marrocos, Saadeddine Othmani, o primeiro ministro da Coreia do Sul, Lee Nak-yeon, e o príncipe herdeiro do Japão, Naruhito Ktaishi Denka.

O senador Jorge Viana (PT-AC), presidente da Subcomissão Parlamentar do 8º Fórum, criticou a falta de presidentes de países desenvolvidos. “Sentimos falta dos países ricos, que já resolveram seus problemas de saneamento e água. Porque serão eles, talvez, os que mais vão sofrer as consequências de uma migração tremenda no planeta, devido à falta de água para alguns, e excesso para outros”, afirmou.

O senador ainda criticou o modo que o Brasil trata suas águas. “Sediamos os mais importantes eventos para tratar da biodiversidade e do clima e estamos assumindo um papel importante diante do mundo. Mas, na área da água, e quando se trata de saneamento, nós temos ainda que avançar muito”, disse.

O fórum ocorre a cada três anos e já passou por Daegu, na Coreia do Sul (2015); Marselha, na França (2012); Istambul, na Turquia (2009); Cidade do México, no México (2006); Kyoto, no Japão (2003); Haia, na Holanda (2000); e Marrakesh, no Marrocos (1997).

A edição brasileira custou 20 milhões de euros, cerca de R$ 80 milhões, segundo informações da organização do evento. O valor ficou abaixo do que foi gasto nas últimas três edições —  30 milhões de euros, em média. De acordo com Ricardo Andrade, diretor de gestão da Agência Nacional de Águas e um dos organizadores do fórum, a mão de obra e os serviços brasileiros mais baratos do que nos países europeus e asiáticos explicam o custo menor.

Realizado desde 1997, o Fórum é custeado pelo país-sede. No Brasil, um terço foi pago pelo Governo do Distrito Federal, um terço pela União e o restante com verbas geradas pelo próprio evento, como aluguel de estandes e  inscrições. (Colaborou Flávia Maia)
  • 100 mil participantes
  • 10,6 mil congressistas
  • 48.739 crianças
  • 2.785 professores
  • 3.520 estrangeiros

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/forummundialdaagua/2018/03/24/interna_forum_mundial_agua,668343/participacao-no-8-forum-mundial-da-agua-e-a-maior-da-historia-do-even.shtml

sexta-feira, 23 de março de 2018


Movimentos populares ocupam área da Coca-Cola contra a exploração comercial da água

Fábrica em Taguatinga, no DF, foi paralisada por meia hora; Fórum Mundial da Água virou encontro de corporações

Brasil de Fato | São Paulo (SP)
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Ouça a matéria:
Protesto denuncia o caráter mercantilista do fórum patrocinado por conglomerados multinacionais / 


populares ocuparam o parque industrial da Coca-Cola, em Taguatinga, nos arredores de Brasília para denunciar a ação da multinacional na tentativa de espoliar os bens naturais do país, particularmente as águas.
O protesto, que teve duração de 30 minutos e paralisou a produção, denunciou o caráter mercantilista do 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília  que se encerra amanhã (23).
Está na mira prioritária de Nestlé, Coca-Cola, Danone e outras empresas de capital internacional os maiores aquíferos do planeta, grandes reservas de água doce localizadas no Brasil. Nas semanas anteriores ao evento da ONU com as corporações, já houve menção no Congresso brasileiro de quantificar o preço do maior deles, o Aquífero Guarani.
Em janeiro, numa promíscua relação com as corporações do setor, o presidente ilegítimo, Michel Temer, participou de jantar durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, com o CEO da Nestlé, Paul Bulcke, e de outras empresas, como Ambev, Coca-Cola e Dow. Elas compõem o grupo 2030 Water Resources Group (2030WRG), consórcio que pretende privatizar cada metro cúbico disponível de água no planeta.
"Denunciamos as transnacionais Nestlé, Coca-Cola, Ambev, Suez, Brookfiled (BRK Ambiental), Dow AgroSciences, entre outras que expressam o caráter do 'fórum das corporações", escreveram os movimentos em manifesto divulgado, remetendo-se ao evento organizado com a presença das multinacionais em Brasília. Para os movimentos, a intenção é privatizar este e outros aquíferos para produção de bebidas.
Além de palavras de ordem, os militantes deixaram seu recado em forma e pixações. Participam da ação militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Levante Popular da Juventude, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Outro lado
 Em nota, a Coca-Cola informou que após o ato as atividades foram retomadas normalmente.  "A Coca-Cola Brasil reitera que é mentira a acusação de que a companhia estaria negociando a privatização do Aquífero Guarani. Consideramos a água um recurso precioso para a vida e um direito universal para o desenvolvimento saudável de ecossistemas, comunidades, agricultura e comércio", diz a nota.
* A matéria foi alterada às 14h20 com a inclusão da nota divulgada pela Coca-Cola.
Edição: Juca Guimarães