Impactos ambientais e a vida nos mangues.
Mangues sofrem o impacto da poluição

Para o biólogo Orlando Couto Júnior, que fez um levantamento da fauna e flora dos manguezais de Monte Cabrão, na área continental de Santos, a principal causa da degradação está na ocupação imobiliária, com a construção de moradias e resorts, a exemplo do que ocorre no Nordeste.
Para ele, os mangues são o berço da cadeia alimentar marítima. "Destruir estas regiões é como fechar uma maternidade”.
De acordo com o biólogo, muitas “maternidades” estão sendo fechadas. Para se ter uma idéia, a maior favela da Baixada Santista, o México 70, foi construída totalmente em área de mangue. A invasão do local se acentuou no fim da década de 1960 quando trabalhadores das obras da Via Anchieta ocuparam a área.
Atualmente, a favela tem 60 mil habitantes, o equivalente a uma cidade de pequeno porte. Sem saneamento básico, é comum moradores poluírem ainda mais a área, causando a destruição do meio ambiente e afugentando os peixes e crustáceos. A baixa escolaridade predominante entre os que vivem no local é um dos fatores que ajudam a tornar difícil a conscientização.
Alguns moradores dizem conhecer o problema, mas justificam dizendo que falta opção. Se saírem dali não têm outro lugar para morar.
A área é protegida pela lei, pois é considerada patrimônio nacional, já que os manguezais se encontram na Zona Costeira. Segundo a Constituição, a utilização destas áreas só é possível dentro de “condições que assegurem a preservação do meio ambiente”.
O engenheiro florestal do Ibama, Raimundo Barbosa, diz que a legislação é severa com relação a crimes ambientais, mas que o problema está na fiscalização. Para ele, falta estrutura aos governos federal, estadual e municipal para o cumprimento da lei.
Existe um projeto da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) no México 70 com o objetivo de amenizar as questões relacionadas à habitação e ao meio ambiente, mas nem todos concordam com a iniciativa. A maior parte dos moradores não tem condições de arcar com despesas com impostos, água e luz, além das mensalidades referentes ao apartamento da CDHU. Nos barracos, a preocupação das famílias é apenas com a comida. Ligações clandestinas são responsáveis pelo abastecimento de água e luz.
Os reflexos da poluição e da diminuição dos manguezais já são perceptíveis em pequenas regiões que têm a economia baseada na pesca.
Segundo o biólogo Jorge Luis Santos, os maiores prejudicados são os pescadores artesanais, que não podem se deslocar para regiões menos poluídas. Mas ele ressalta que os de pequeno e médio porte também sentem o impacto da degradação ambiental, mas não diretamente. Para ele, em médio prazo, muitos perderão totalmente as condições de trabalho. “A migração de pescadores para outras ocupações já está acontecendo. O problema é que a grande maioria não tem condições de estudar e também não vê no estudo uma possibilidade de ascensão social.”
O destino de muitos destes pescadores é a construção civil. Os que ainda possuem barco, como o próprio Jorge Santos, que também é pescador, alugam para turistas da Capital praticantes da pesca esportiva.
Disponível em: http://www.online.unisanta.br/2002/05-25/ciencia-2.htm
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